Beije-me com essa tranquilidade dos anjos que já se foram, com essa calma necessária que desconheço há tanto, que desconheço por não saber como entendê-la ou mesmo como achá-la dentro ou fora do real.
Algumas coisas são tão difíceis para mim: sinto-as quase perdendo a voz. Calam-me. Cegam-me. Estão onde não deveriam estar porque já não existem agora.
E se puderes, e se quiseres, leve-me em tuas asas, aconchegue-me nas palavras do passado, na delicadeza do que foi porque foi e ainda é quando sei que sempre será por ser, por sempre ter sido.
Se toda a saudade coubesse no amor, no corpo que conta as horas, na alma que dorme e sonha tão pouco, ainda assim não caberia tudo que ficou para trás, tudo que é, apenas por não ser, nem poder ser mais.