Mensagem Subliminar

Data 03/07/2011 10:37:40 | Tópico: Poemas

(Ouves-me bem daqui? Inclina-te, está escrito por todas as circunvoluções da minha face.)

Não me fales, não te falarei,
Acho horríveis esses discursos cordiais de sala de espera
Que insistes em cultivar sobre as minhas chegadas triunfais.


(As ordens sintáticas das palavras atropelam-se, para que possas ouvir-me
em ecos velozes.)



Outro choque, mais proximidade, simbiose de aromas,
Basta, sinto-me sórdida com suspiros telepáticos
a meio milímetro da minha distanciação compulsiva.


(A minha epiderme estala com a austera ausência das tuas impressões digitais. Agarra-me bem.)


E essa melodia, mais uma vez essa melodia fúnebre
Trastes desgarrados, armados até aos dentes
numa senda contra a sanidade do meu sentido de equilíbrio.


(Prometo cantarolá-la em todos os vãos de escadas e mercados negros, rogando a tua existência.)


Larga-me as mãos, existem outras magnificiências, justas
que pretendo arrastar mar adentro.
Quero cobrir os ouvidos à tua presença complanar ao cabal.


(Assim forço os olhos à tua passagem celeste, para que te possa eternizar em aparas lunares de êxtase catártico.)



Não, hoje não me levarás a vontade,
nem as minhas retinas descoladas de encandeamento,
nem chão onde está escrito o meu nome de baptismo
Não, hoje não te deixarei entrar.


(São 3h25 da manhã num domingo qualquer e sinto a tua falta. Quando me deixas entrar?)




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