Neste quarto escuro, é que está o meu desassossego, nem o sol lá fora, reluzindo, me dá qualquer esperança, minha alma está presa à vil mordaça, escasseia o apego, sinto-me só nesta luta, onde não há um riso de uma criança.
Dias flamejantes, não entram mais pela minha janela, escuto os pardais e não os oiço, não sei mais o que deva fazer, para contrariar os choros dos meus – leve bambinela, ondulando ao vento, suavemente, não querendo esmorecer.
Os meus dias, fartos e cansados, anseiam por melhorias, e não tendo outra solução, tenho de ser exemplarmente forte, perante este peleja, que assombra, de má sorte, meus dias – uma faca sem gume, que não se apresta ao fatídico corte.
Tempo para mim não o tenho, apenas uns instantes pra escrever, e meu amor, que anseia pela minha presença, desespera, enquanto, no quarto ao lado, meu pai não vive, dá-se a fenecer, sem que uma enfermidade se descubra – faz-se longa a espera.
E, se por vezes, eu esmoreço, logo de mim me levanto, para acompanhar a saúde dos que me deram o ser, que hoje eu sou, e versejo poemas de beleza e de amor, como num canto, para que assim, não morra em mim, o que se me aprestou. Oh, mundo, que tanto amo, olha para mim e, por favor, te condói, este teu filho, em toda a sua humildade, é a ti que te suplica, que tragas saúde para os meus (que de vê-los assim tanto me dói), e para mim a paz tão almejada, que esta dor não se explica. Jorge Humberto 13/07/11
|