ODISSÉIA DO DESEJO
Data 14/07/2011 23:41:25 | Tópico: Poemas
| ODISSÉIA DO DESEJO
Teceu de desejos Um tenso fio de pavio - Faiscando -
O fio Não gastou ou explodiu
Juntou-se em flama À correnteza fresca do fastio E por lá, quase que inteiro, se apagou
Como boiou, correu - como correu, caiu
Despencou Das brutas alturas d’uma cachoeira
No ar atribulado, Desprendeu-se da água de poeira E plainou ácido Ao forte hálito dos ventos
Porque de sopro se elevou Sobrepujou o cume das montanhas...
Quis menos e mais:
Pelos frisos das rochas, Ganhou Suas entranhas
Congelou Ante o furor do inverno
Arrimou liberdade No degelo da primavera
Fatigado do gélido corpo, apeou Da aspereza das pedras Dissolvendo-se em água cristalina
De arroio, precipitou-se mar...
Foi até parar Num estômago gigantesco D'uma baleia Arpoada por pescador
- Foi assim que conheceu o horror que é a dor da morte (pois não há morte) -
Sorte que De caçado e içado ao barco Ainda assim não se concedeu:
Conveniente, No sol da vida, da proa, se evaporou...
E quanto depois passeou Tal espevitado pássaro No estrato azul Das tantas nuvens
E tanto esbateu-se e relampeou Que se carregou de cinza E choveu...
De fluir nas pedras das ladeiras Das ruas - Circulou entre pés e pneus -
Quando ao solo pisado Algo o apertou e acendeu Igual tivesse despertado D' um pesadelo repleto De surreais desejos seus
Satisfeito de tantos sonhos Sem nada mais na ilusão A entretê-lo Reencontrou-se. E soube-se Como realmente sempre foi E será:
Era ele e além dele O seu deus nele Isso era tudo. E nada mais
|
|