 
  
    	[De Olhos Vendados]
    	Data 16/07/2011 01:47:31 | Tópico: Poemas
 
  |  Ah, cegar-me... assim, ao sol de inverno,  pisar na terra nua e fria, e cegar-me, ficar tonto de luz, e desorientar-me ainda mais...
  Cegar-me... assim, ao sol morno desses dias, até que a razão se esfume, e o meu desejo de ti não mais  encontre barreiras fúteis...
  Cegar-me... assim, ao sentir em meus olhos os teus dedos tirando-me a visão dos entornos, mas trazendo até os meus lábios, o gosto molhado, quente, o almíscar do teu sexo encharcado de desejo.
  E de olhos vendados, perder-me na calmaria das tardes de inverno, esquecer-me em [nossos] devaneios... Deixar o maravilhoso corpo alado do amor cursar a distância do infinito azul, voar enfim, sobre os montes, os rios, as estradas...
  Ao amanhecer, os lençóis revoltos, o quarto em desordem, algum vinho ainda restante nas taças deixadas no chão, os teus cabelos espalhados no travesseiro, e o nosso cheiro impregnado nas mãos, na boca, no peito... onde mais...
  [Antes, eras só um sonho ligeiro... mas agora, eu acordei — és um devaneio! Se cada vez mais tu me acostumas a ti, tu me vicias em ti, como não te devanear?]
  [Penas do Desterro, 13 de julho de 2011]
 
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