
[A Latência do Desejo... ou O Curral do Concelho]
Data 17/07/2011 15:42:29 | Tópico: Poemas
| [O meu barro é cinza claro, mas torna-se prata quando a lua clareia os cerrados de Minas] ________________ De tanto não ir até a fonte, o pote voltou a ter o puro gosto do barro de que é feito... E criou bolor, e secou, e rachou-se em cacos, cortantes, é verdade, mas apenas e tão-somente, cacos... [E eu, de tanto não ir à fonte do prazer, virei só esse barro cinza-claro, seco... essa pulsante latência de desejo!]
Centáureas alimárias que trotam na noite... E passam... e passam... e passam... Até o amanhecer, quando corpo insone talvez encontre a paz no cansaço...
Na avenida calada, as suas passadas aguçam o absurdo que é a existência, desacorrentam as lúbricas sombras que povoam a noite mal dormida, e reacendem os desejos ocultados!
De que altos vêm essas criaturas, de que sendas da noite eles saem a caminhar na escuridão da minha Cidade Perfeita adormecida em silêncios?
[O Curral do Concelho, hoje uma visage fantástica dos tempos coloniais, há muito não existe mais... lá eram recolhidos os cavalos errantes... Eu — o curral que me cerca vige dentro de mim!]
[da minha coletânea "Cavalos da Noite" - ilustrada por Paula Baggio]
|
|