Nassif' Alice Luconi (Parabéns!)

Data 24/07/2011 19:18:37 | Tópico: Homenagens

Apreciação crítica da fábula “A montanha, a floresta e o rio” presente no livro “Horas ou momentos” da escritora Alice Luconi Nassif

Em minha leitura, e depois em minhas análises críticas e subjetivas, considerei o conto “A montanha, a floresta e o rio” do livro “Horas ou momentos” de Alice Luconi Nassif como uma fábula, pois nas características internas do texto está contida uma gama de variadas intencionalidades, tal como ocorre nas famosas fábulas de Esopo. Algumas das intencionais temáticas do conto-fábula de Alice são evidentes: a crítica ao homem que por se considerar “poderoso, útil e forte, melhor que qualquer ser desse mundo”, não só renega as potencialidades da natureza, do meio ambiente, como também a transforma negativamente e, muitas vezes, com destruições desnecessárias (ou apenas necessárias às descontroladas vontades econômica e material as quais arrebatam, de maneira nociva, os meios rural e urbano, principalmente), com sua presença atroz que vai sendo instaurada através dos resíduos que deixa pelas veredas, permitindo, arbitrariamente, que o meio ambiente padeça, intoxicado pela demanda de irresponsabilidade do homem.

O texto não trata-se, tão apenas, de uma crítica à egolatria errônea e altamente prejudicial da sociedade como um todo, mas também é perceptível, embora seja menos evidente, mais implícito, o quanto a autora soube abarcar e agregar, na construção do conteúdo, um lirismo poético com uma prosa que dá voz direta à natureza através das falas e das manifestações da montanha, da floresta e do rio. A peleia verborrágica entre esses seres naturais instaura-se a partir do instante em que sentem a verve de saber, afinal, qual deles é o mais relevante e a partir daí, depois que cada um deles demonstra uma brilhante retórica a cerca de suas potencialidades, recebem a intervenção do homem (o que vem a ser uma metáfora, quiçá utilizada pela autora para reforçar a ideia que de fato o homem intromete-se, agindo de forma negativa, e assim macula profundamente o meio natural) e a presença dele é uma justificativa para a exposição e o reforço da crítica já instaurada na premissa do texto.

Alice encontrou uma forma entre a seriedade e o lúdico nas falas que representam o que o homem é diante de sua arrogância: “dizem que és insensato”, “terrível e malvado” e ainda é possível constatar no texto uma lição de moral que é deveras simples, mas que foge totalmente do simplório, pois é exposta com muita propriedade: “Você não reflete e não pensa no que faz. Acha que só perpetua a sua destruição contra nós? Não compreende que você é natureza também”. Através de indagações e constatações que carregam o leitor para um macrocosmo fascinante de reflexões, a linguagem concisa permite a agilidade de apreender as ideias interpretando-as e sentindo-as no decorrer da leitura a qual não termina com o fim do texto, mas estende-se e ecoa no imaginário e na sensibilidade de quem interage com o que leu, sentiu, compreendeu.

Outro aspecto de extrema relevância no que se refere ao conteúdo do conto-fábula: o fim dele, escolhido pela autora, não padece daquela hipocrisia tão patente que geralmente visa finalizar um texto com expressões e palavras que promovem satisfação, mas que, no contexto e na ideia textual ficam com o ranço da falsidade. A verdade dos fatos é derramada no derradeiro parágrafo. Vai depender do leitor: sentir tal verdade como uma crítica em prol de mudanças significativas no íntimo dos seres ou vê-la apenas como exagero. Mesmo que diferentes maneiras de interpretar o texto sejam possíveis, é bom sempre recordar o que na voz do rio fica manifestado: “A natureza em agonia reage, causando desastres naturais imensos que você, homem forte e poderoso, não vai conseguir evitar... será, então, responsável com a sua alienação, seu orgulho e sua ganância pelo fim do seu próprio habitat e consequente extinção da sua própria espécie... isso tudo não é uma enorme burrice?”.

“A montanha, a floresta e o rio” é um conto existencialmente vivo e capaz de chegar ao âmago de quem lê, dizendo: “estou aqui, deleite-se!”.


Fernanda R. Barros


Amiga querida, arrumei uma forma emprestada
de te homenagear e desejar um Feliz aniversário!
Esta na verdade é uma Reo menagem, pois empresto
da Fernanda e divido aos amigos deste site.

Parabéns!
Fica aqui meu carinho...

http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=162293)



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=193411