… eras tu, o Sol imenso

Data 05/10/2007 23:00:49 | Tópico: Poemas -> Amor

Eram rios, ramos, risos e rugas,
roseiras bravas anguladas de ternuras,
eram ondas balanceadas em cadeia.
Eram cabeleiras fartas d’astros naufragados
na bruma incitada em lagos de lua cheia.

Era a noite poisada em meu regaço,
que se não esmaltava da palavra profícua.
Eram braços relapsos na hidropisia de cansaços,
eram afagos dolentes e a luz ubíqua.

Eram imagens verticais de Deuses transbordantes
a evadirem-se de si na fome morena dos amantes.

Eram ameixas rubras, pura polpa, pura pele.

Eram luares de lume e bruxas incitadoras
a dançarem-se nuas na mais exígua solidão
em torno de fogueiras permanentemente acesas
e nas ponteiras pontiagudas de relógios sem horas.

… eras tu, o Sol imenso
a explodir-se fogo no princípio do meu começo.



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