NEM OS FARÓIS ME PARAM

Data 21/09/2011 21:19:43 | Tópico: Poemas


NEM OS FARÓIS ME PARAM

Navega o automóvel.

Desliza como baixíssimo fosse
o alto-mar
(tão ralo quanto o asfalto)

Que só faróis o retardam...

Descarregam alucinados
seus verdes, amarelos e vermelhos
castiços ou miscigenados.

(Que sinais tolos.
Tão pouco sabem
das pressas de mim...)

Brecam as rodas
subservientes a cada
movimento luminar deles.

Decerto,
não é a fim de que os outros passem.
Sabe lá uma máquina algo de vez?

Será pela algazarra colorida
que tremeluzindo fazem?

Na barulhenta quietude dessa espera,
Reflito. Observo.
Aos sons das buzinas, quantos impasses...

Sou o silencioso passageiro
que aguarda uma grata surpresa,
inéditas rotas, novíssimos desenlaces...

E imagino:

Semáforos portando luzes estroboscópicas
com as cores do arco-íris
coordenando, disciplinando
os intrincados cruzamentos de mim.

Porque são nos caminhos interiores
que mais passo sem olhar
à direita, à esquerda...

Olhar adiantaria?

Se as trombadas da vida
vêm por baixo e, principalmente, de cima?




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