Vertigem Dos Sentidos

Data 05/10/2007 23:31:16 | Tópico: Textos



O meu corpo, como seara dourada, na planície ardente dos teus desejos!

A minha vontade desabrigada, na penumbra das tuas intenções, em desprevenida agonia…

A breve carícia do fogo, no desassossego do teu olhar e o mar encrespado da tua vontade, a galgar furiosamente as muralhas do meu recato, a descobrir-me a paixão ardente, no desnude milimétrico da lisura da pele...

O teu hálito doce e quente, a aflorar-me a nuca, a percorrer-me de lés a lés, o pescoço alto de garça, a colar-se-me de mansinho ao desalinho dos cabelos e a tua boca faminta, já despida de preconceitos, ao leme incerto das emoções, a delinear rotas de prazer onde ancorar o beijo.

O frenesim intenso da loucura, a quebrar-me a resistência…

Os teus dentes alvos, a ferrarem-me deliciosamente os seios e essas mãos exímias, de artífice do amor, abertas em concha, a obrarem prodígios na harmoniosa linha da minha delicada cintura.

Na vertigem dos sentidos desatados, cresce, em nós, a febre…

Ao largo, em alto-mar de ternura, somente o abismo esfíngico e hipnótico dos meus olhos onde duas admiráveis lagoas verdes prometem inesgotáveis perigos no feérico desacerto da paixão e tu, de dedos firmes e afoitos, a alinhavar gemidos e estremecimentos, a cinzelar, ritmadamente, os fulgores rubros da poesia, sobre a calidez das águas por onde desagua, intempestivo, o rio orgásmico do meu deleite…


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