(De)composição
Data 02/08/2011 20:17:45 | Tópico: Poemas
| Mate... mate estas notas de ouro que enfeita-me lágrimas em olhar escuro. Mate... mate estas notas de luto estes tolos sentimentos, coração embalsamado.
Com voz de dor e lábios de triteza enquanto estas imundas notas se decompõe vai compondo uma canção com restos de morte, de lágrimas, de murmúrios.
Nos dedos das mãos toque, toque, toque estas pútrefas melodias sem começo, sem final no meio de um vale de ossos, cante com voz rouca que rebata nas caveiras, e eu pense que são elas que me cantam.
E me crie uma canção que encha o corpo de tremores de arrepios e calafrios, de medos e mistérios crie-me uma canção de notas decompostas, fétidas que me embriague a morte do meu coração.
Assassine-me em cada soar desta música fúnebre com tua doce voz. Então, ressucita-me quando compor novamente cada escala batizada de pecados enquanto meu corpo ainda estiver se decompondo.
Minh'alma criando-se nos teus dedos afiados de graciosidade quero me estar na rouquidão deste enlace de notas perdidas quero me fixar na morte destas notas enlouquecidas quero me sentir no grave e no agudo destas notas bizarras.
No odor insuportável desta música, me esquecer, me ter componha-a com teu coração, com teus sentimentos de doce ternura mate suavemente enquanto tocá-la somente para mim irei me desfazendo junto, caindo junto... irei me decompor junto.
No vale de ossos cante-a desesperadamente como se fosse o fim cante-a com violência, estupre cada nota, leve-a a morte e ressucite quero ouví-la eternamente. Cada corpo caído na penumbra espiando pelas frestas, o cântico entoado da tua morte.
Toque mais e mais para mim... esta melodia venenosa que nunca termina, que nunca descansa está me entorpecendo com tuas notas de sangue com tua dor fora de ritmo, ó, como estou saboreando o veneno.
Nunca pare... continue eternamente com a composição pegue neste vale os restos, as mortes, as lágrimas, as ruínas e faça a música nesta medíocre decomposição resgate-me em cada nota, em cada som desta podridão.
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