DOR

Data 02/08/2011 21:52:58 | Tópico: Poemas


DOR

Uma dor perrengue
que arde, geme, grita.

Resumo-me a isso.

Perdi o medo de estar certo;
o desconforto por estar errado.

Essa dor afrodita
é como outras a fremirem por aí.
Não é mais dor por chagar em mim,
mas é minha.

Disso trato na vida,
na escrita,
no passado,
nas desditas.

O que me virá,
alguém antecipa?
Nem se empenhem,
não precisa.

Respondo eu mesmo,
sem embargo:
Virá mais dessa dor perrengue
e como arderá e gemerá
e como gritará a maldita!

Sempre há quem me contradita,
quem desacredita das palavras
desabaladas de mim.
Digo: sim (entendo, aceito).

Haverá aquele que recita
dos lírios e rosas,
das falanges de serafins,
dos mares e matas ociosas...

Pois seja bem assim,
na incredulidade dos afins
essa dor perrengue
ardida, gemente, berrante
ache fim um dia
mesmo não mais esteja
em mim.

Porque agora,
o que me resume,
o que me delimita
é dor perrengue...
...e ela arde, geme e grita.




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