Há sombras por acender na noite da distância

Data 06/10/2007 20:08:44 | Tópico: Poemas -> Sombrios

Há sombras por acender na noite da distância
em que os brilhos esmoreceram
nos risos duma criança.

Há trilhos que nos retalham nas muralhas do prazer
quando as palavras se imprecisam
num gesto por ocorrer.

Dos vagidos sobreagudos das estranhas,
há o sibilar d’escamas a ecoar nos seios hirtos
dos sopés das motanhas ...

Há estrupícios cravados na boca de uma guitarra
se, silêncios desmedidos, cortam num só golpe,
hastes em derrocada e sacodem sem pudor,
perplexos passarinhos do agasalho dos ninhos.

Na noite aquartelada em espumas de maré brava,
amado, morro eu e morres tu,
se, num rumo sem sentido,
no revolver de asas pesadas,
nas garras estiradas p’ra além do Cabo,
não se vislumbra acendalha,
e os homens são tão só, barcos desguarnecidos
de cascos fundeados em batalhas de vidro.

Houveram sonhos... persistem feridas.

… há a bruma
que se desprende das ilhargas da vida
na alma que se eleva solta numa gaivota perdida.



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