Introdução ao livro Iluminado.

Data 11/08/2011 22:52:50 | Tópico: Prefácios


Conheci o Helder Magalhães

Pouco antes de estar documentada toda a verdade

Sobre o seu verdadeiro estado de saúde.

Com base no relato que então me fez,

E usando a devida prudência para evitar

[choques desnecessários,

Apontei-lhe caminhos a seguir

E cuidados a ter, para ser ele o vencedor

Na “batalha” que em breve iria travar

Com o início da Quimioterapia e o mais

Que depois viria se ela não resultasse.

Dias depois deu entrada no IPO.

Foi nessa “Cidade do Sofrimento”

Que o Helder viveu momentos de entusiasmo

[e frustração,

Sorriso e lágrimas, tristezas e alegrias.

Aí, reduzido à condição de membro sofredor

Deste imenso corpo que é a Humanidade,

Ele encontrou o vizinho mais próximo,

Aceitou o que estava mais distante

E encontrou-se consigo próprio

Na destruição da sua farta cabeleira,

Que se lhe ia diluindo por entre os dedos

Adelgaçados e sem cor,

Ao mesmo tempo que as lágrimas,

Teimosamente se misturavam

Com a comida que a custo ingeria.

Pouco a pouco o Helder foi compreendendo

Que ao fim e ao cabo, os projectos dos Homens

Não passam de meras utopias

Porque como diz o Salmista,

“…os dias da nossa vida andam pelos setenta anos,

E se robustos uns oitenta,

A maior parte são trabalho e desilusão,

Passam depressa e nós partimos”.

“…Vaidade das vaidades e tudo são vaidades”, diz Coelet

É vaidade a farta cabeleira como vaidade é a cabeça rapada;

É vaidade a abundância do dinheiro,

Como vaidade é a atitude daquele que nada tendo,

Nada quer receber porque é orgulhoso.

Foram frases feitas que lhe afluíram ao pensamento,

E verdades que o fizeram reflectir na caducidade do tempo,

Na fragilidade da sua saúde

E no vigor dos seus dezassete anos seriamente

[comprometidos.

Foi no IPO que ele viveu a maior experiência da sua vida;

Aí viveu os dias mais longos nos meses

[em que por lá andou

E as noites mais negras da história do seu ser

Que não sendo ainda longa,

Estava já a ser fustigada pela chibata do sofrimento

E marcada com o ferrete da dor.

Aí viu ele diluírem-se projectos e anseios

Arquitectados em momentos de euforia e júbilo,

Quando a vida lhe crepitava em borbulhões

No sangue que lhe corria nas veias;

Aí sorriu, chorou e compreendeu verdadeiramente

A fragilidade do barro em que todo o ser humano

[foi plasmado

Naquele primeiro momento em que o criador disse

“Faça-se a Luz!” e o homem apareceu à luz incriada;

Aí foi morrendo aos poucos e aos poucos foi ressurgindo

[de novo,

Já com nova visão da vida nova

Que pouco a pouco ia vislumbrando em seu redor

Com movimentos mais limitados,

Mas com sentido e nova razão de ser.

Aí sorriu e espalhou flores no caminho de tantos outros

Que como ele tinham perdido o encanto das coisas

[e da vida.

Aí foi semente de esperança e alegria

Para quem já tinha perdido tudo, e também a razão de viver.

Aí aprendeu e viveu o que agora escreveu,

Neste pequenino livro que se lê com agrado.




Fr. Henrique Perdigão, ofm

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