Do nada, sei tudo ou talvez quase tudo. Sou especialista em entender coisas não explicadas ou desimportantes. Falo a língua da árvores, seguro o vento com as mãos, canto a música da alma. Sou uma encantadora de joaninhas: nunca estou só mesmo sozinha.
Guardo teias de aranhas e flores secas dentro dos livros. Coleciono desastres e ocasos, palavras não ditas e amores inacabados. Nunca sei o que é pecado ou se existe pecado abaixo da linha profana do Equador. Eu daria uma atriz e tanto numa história de amor. O problema é sempre achar o mocinho e ter um final feliz.
Ainda não sei muito bem como caçar estrelas ou falar com as pedras. Mas, tenho certeza que elas sempre me escutam. Preciso conhecer esse alfabeto de letras invisíveis que apenas o coração domina.
Eu sou uma menina interrompida pelas nuvens e pela vida. Faço limonada quando tudo esta amargo, largo as pessoas sem voz para trás e busco a simplicidade das heras que enraizam com graça aqui e ali. A delicadeza das avencas é algo que me intriga também.
No final das contas, eu sou zen: zen dinheiro, zen berço, zen verniz. Não vejo problema algum em ser essa mistura que não tem país.
Amanhã vou acordar mais cedo e ensaiar com as ondas do mar a minha próxima fala. Depois, vou trabalhar. Nestas horas em que sou apenas uma escrava do sistema, minha singularidade sempre se cala.