Arranha-céu

Data 19/08/2011 22:44:47 | Tópico: Poemas -> Para Visitantes

Arranha-céu

Estou no topo do arranha-céu
Assistindo os orvalhos da manhã
salpicarem as nuvens verdes.
(Se eu tivesse asas, eu saltaria...)

Meu (amado) anjo da guarda
me esqueceu aqui em cima
E agora o que me resta dessa vida?
Além da minha lacrimosa tristeza
Inundando a amarga paisagem.

Mas quem sabe a chuva verde
Guarde a esperança do sol dourado
Nas folhas úmidas da árvore azul...
(Preciso acreditar na aquarela).

Meu anjo da guarda me esqueceu
no topo desse arranha-céu.
E agora eu sinto medo dos anjos
E dos amores imortais.

Eu tenho um coração quebrado
Como as estrelas-cadentes
que eu parti com estilingue.
Do que me adianta os sonhos?
Se apesar da “chuvaria” verde
A noite ainda é gelada.

Eu tenho um coração quebrado
E um barco de papel cinzento,
Se a chuva alcançar o arranha-céu
Eu vou embora nesse mar...

Eu não tenho medo da água-viva
Que vibra no azul marinho dos olhos,
São as nuvens que me assustam
Com seus desenhos de borboletas.
Mas aprendi a não temer as rosas
Pois elas se mostram com são.

... o que não está à vista dos olhos
É a maldade dos anjos azuis,
É o espinho dos girassóis.

Meu anjo da guarda me largou aqui
E eu tomei trauma das cores.

Não acredito mais na aquarela
E as folhas úmidas da árvore anil
Não serve de abrigo para os peixes.
A realidade não cede à fantasia.

... por isso matei minhas fadas essa manhã...
Depois de dormir aqui em cima,
Eu vi que tudo sempre foi cinzento
Como o meu barquinho de papel.

E agora percebo que esse asfalto
Tem a mesma cor do mar
Talvez se eu mergulhar nesse cinza
Eu encontre o sonhado alivio
Entre as pedras-conchas.

Meu anjo da guarda me abandonou
no topo desse arranha-céu.
E agora eu tenho medo de borboletas
...



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