O Dia Em Que As Estrelas Choraram

Data 23/08/2011 21:20:00 | Tópico: Poemas



Prólogo

Daquele solene minuto
que marcou os anjos nas suas asas
milhões de seres em perfeita normalidade, sonhavam ...
beijavam a bendita dádiva da madrugada
do dia que da vida a criança embalava
na doçura dos lençóis
os seres abraçados nos sóis entrelaçados
que no interior do calor a cintilar
germinavam nos ventres em cruz rosados
a perpetuar através dum instante
beijos d´ar nos poros a rasgar
as flores que no amor glorificam
o eternizar

Requiem

Mas , inesperadamente
como um ladrão violando a morada
no céu alastrou o fogo
que nos corpos a carne vaporizou
a chaga hedionda que gravou
fantasmas nas pedras da calçada
e , para quem não acredita
que o inferno é a Terra quando não amada
eis que o diabo naquele dia triunfou
duma só assentada
eis que suas chamas de laranja em implosão
rasgaram rios de sangue que secaram na barbárie
do leito profanado pela ciência ao comando
dos homens ao serviço do mais vil demando

De rastos , a verter pedaços do ser , - a desaparecer ! -
ele ainda tentou alcançá-la na janela
instantes antes de flores adornada
mas quando olhou - seus olhos queimavam por dentro do cérebro -
ainda vislumbrou entre o horror a sombra da sua amada
e num esforço descomunal murmurou, a falecer de dor :

- Hiroshima meu amor ...


Luiz Sommerville Junior , 080720111951

Há 66 anos atrás o mundo assistiu, e uma parcela da nossa Terra quase desapareceu,
ao lançamento da primeira bomba atómica, ironicamente baptizada de Little Boy,
(Hiroshima,Japão 6 de agosto de 1945). Dois dias depois o crime repetia-se em Nagasaki, Japão, 8 de Agosto de 1945.
Quando campeiam por aí os mais estranhos
devaneios acerca do ano 2012 e simultaneamente pouco ou nada se esclarece sobre
“a teoria de conspiração” , urge não esquecer as chagas históricas que se encontram
muito longe de serem sanadas. A ferida ainda sangra, a seiva escorre, o golpe desferido
na árvore da vida foi demasiado profundo para que o esqueçamos …
Recordo o ponto crucial que joga aos nossos olhos a barbárie que o Homem quando ignorante do amor;
quando ausente do amor inteligente, provoca em toda a humanidade .

Meditando ...

Luíz Sommerville Junior, Julho 2011


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