Renego o passado e todas as correntes, que fizeram de mim um prisioneiro, de minhas próprias falhas, a mim humanas.
Se mereci ou não, meu país é testemunha privilegiada de meu sofrimento, onde braços e pernas cresceram, numa ânsia
de liberdade, que me foi negada. Totalmente isolado dos outros, só os livros envelhecidos me viviam e me davam algum alento.
Mas logo despertava, desse meu sonho, quando das botas cardadas, do vil carrasco, eu sabia-lhes do passo, no subir das escadas imundas.
Sem privacidade nem honra, negando-me possíveis movimentos, obrigavam-me a caminhar, nas voltas exíguas, dum mísero parque.
Tudo à minha volta eram muros e arame farpado, onde o sol não cabia, nas minhas horas tristes, e na sempre eterna e desmedida solidão.
E deitado em minha enxovia, por unhas retalhada, viajava mundos, e uma alegria se me via, pois ali, cela de aço, era só mais eu.
E isso não me podiam roubar, nem à força de chicote, de puro couro, sempre que ousava, regras não prestar, por minha sana humanidade.
Jorge Humberto 01/09/11
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