
DEZ POEMETOS DE AMOR RASGADO...
Data 06/09/2011 00:36:15 | Tópico: Poemas
| . DEZ POEMETOS DE AMOR RASGADO...
- I - NOBRE ARTE
Lembrança lacera-se em escara, ferida descansada, perfeita avis rara para pormos o dedo da saudade nela e fazer sangrá-la sem sequer vê-la
- Quem clama essa dor, soca a própria cara -
- II - O PERDÃO DE UM É REDENÇÃO DOS DOIS
Suporta a crua mágoa e os destemperos da minha carne.
Bem sei que o que te estraga provoca em ti o mesmo alarde que em minha derme calada amarga...
Afasta as intervenções do temor covarde e alforria de vez o que te(me) embarga!
- III - ESCABROSA EMPATIA
Permiti-me olhar a mim como tu mesma fizesses.
E não me desejei por teus olhos, não te deleitei por minha imagem, nem querer mais quis fitar-me...
Enjeitei-me, em ti, de regalar-te.
Desacolho de me pretenderes pelo fustigo dos olhos teus
tamanha a indiferença em ti pela fieza de não me acarares...
- IV - FURA-OLHOS
Apego-me à coragem constante para rejeitar, com arte, tua imagem.
Queima-me os olhos de fogo selvagem flamejando-me deste sondar-te desconcertante!
- V - ARRITMIA DA DOR DE AMOR
A dor de amor se esgoela porque não se enxerga absurda.
Desnudada é empacada mula aos corações incultos que dispensam controlar os batimentos caducados deseducados pelos ritmos destes bestalhões apaixonados.
(À dor de amor não cabe algoritmos)
- VI - SOLIDÃO, AGITADA CALMARIA
O gosto dum beijo teu reascendeu à minha lôbrega boca e olha que teus lábios nem ancoravam os meus.
Dei-me conta da desdita mouca...
e uma recidiva lágrima salgada rasou minha face eremita, mareando a língua lassa a velejar, intacta, a calmaria do oceano da tua falta.
- VII - PERDIDO POR UM, PERDIDO POR MIL
Passa ao largo do sono. Sai inconfidente ao luar.
Despista-te do abandono ou a noite piche vai te pichar.
Não possuis rumo ou dono...
Arruma um amor para amar que a lua paga-te o abono
- VIII - SELVAGEM AUSÊNCIA
Tua ausência incorporou-se a mim. Desabrolhou carne do meu ventre
doravante juntos em una viagem, vigora e arde, algoz, em posta ebuliente.
Minhas íris fenderam-se à tua imagem ai, tua ausência a cavar-me crateras,
picadas no matagal selvagem das feras por de onde meus amores interagem...
- IX - HOUVE UM TEMPO...
Houve um tempo de palavras, tempo de gestos, tempo de mágoas, tempo de inabaláveis risos...
Ao fim, houve um tempo que bem serviu para nada:
- Não subverta nosso passado pelas vias da saudade, minha cara...
- X - QUEM AMA MATA, SIM SENHOR...
Já que tenho que te doer Seja eu o tigre implacável:
Aquele que, beijando-te, De prazer espedaçará teu rosto,
Que, tomando-te, Arrancará deleite das tuas tripas
E, amando-te, Matar-te-á de um lacerante gozo.
Gê Muniz
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