Insónia

Data 08/09/2011 06:11:45 | Tópico: Poemas -> Reflexão

É quase manhã e não durmo.
perdi o sono onde perdi a alma
deixada coalhada e muda
nos silêncios que a noite enjeitou
ou talvez apenas me tenha deitado calado
com o peso das luas magras
onde procurei saber quem sou.

Amanheceu sem aviso nem som
e eu já nem sinto o vento que restou,
apenas me deixo enlevar na angústia
de não saber se o dia novo
traz no regaço as trépidas vozes
do que se passou,
algures em parte alguma do silêncio
que em mim se quedou.

Nasceu o sol nas costas do meu olhar
enquanto o sono não espreitou,
caiu a noite no cruel afago
onde as verdades se atormentam,
sem sofrer castigo algum
como se entre tantas noites assim
o tempo fosse uma corrida perdida
em toda a vida passada
na sombra de um enredo sem cor.

O dia ruivo de tanto desbarato
vai correr à minha ilharga
e eu sei que outra noite sem receio
me vai encontrar algures por aí
para no seu devaneio de insónias
me alvejar e anoitecer
por capricho apenas seu
de me ver perder a alma
onde também perdi o sono.



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=198423