 
  
    	[Sem Agenda]
    	Data 11/09/2011 03:33:34 | Tópico: Poemas
 
  |  Na tarde sem pressa de morrer, ruas calmas conduzem-me ao lar. Ali, tocadas de penumbra e silêncios, suavizam-se as cortantes arestas das coisas.
  Sobre a mesa nua, o jornal velho, a faca sem corte, o pão de ontem; e perto da janela, as flores amarelas, último cuidado de suas belas mãos!
  Ela não vem: estou só e não espero ninguém; mas não me importa estar sozinho, e nem tampouco se a casa está fria; nada me importa — exceto o medo de perdê-la!
  A minha frente, tenho uma noite vazia, e o copo de vinho fará o milagre do sono. No dia seguinte, picado de amargura, olharei aquele vaso de flores amarelas, pensarei que ainda há pouco ela as tocou; depois, vestirei minha capa de gabardina, fecharei a porta da casa silenciosa, e, bem devagar, caminharei pela calçada.
  Ruminarei as minhas velhas esperanças, e me direi novamente que a vida é morte. O meu dia será como todos os outros: vazio, sem compromissos — sem agenda!
 
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