O Outono virá em seus tons amarelos e castanhos, atapetando os jardins e as calçadas e estradas, de matizes rubros, pintando quadros esplêndidos. Nos ditos jardins, as flores perderão todo o seu viço, e dar-se-á a desfloração, jazendo no chão o choro das pétalas, misturando-se com a terra, a elas infértil.
Sombras se desprenderão das paredes, através das esquinas, dos arcaicos prédios, e gatos passearão sua posse felina, junto aos muros, cheios de orvalho.
E as janelas fechadas, são como olhos de mosca, resguardando as pessoas, do frio incessante, que lhes entra pela carne adentro – da friagem contínua, a tremura.
Estátuas cheias de verdete, parecem desmaiar, de seus plintos, trazendo uma descoloração à pedra e ao bronze, que só as nuvens escuras se assemelham.
Totalmente despidas, de sua folhagem, as árvores, a quem passa, vestem-se de tristeza, e de raras e estranhas nostalgias, que o clima cinzento pardo, cimenta.
E junto às falésias de mármore, o mar mostra-se agitado, com suas marés vivas, em grandes convulsões, de águas azuis escuras, que despoletam nas praias.
Algumas aves rasam as ondas sem medo, em fantásticos voos, destemidos, por sobre os galgos de espuma, rebentando de encontro às rochas, cinzeladas pelo tempo. Enquanto isso o poeta escreve embevecido, o que lhe é dado a ver, na mais pura grandeza da mãe natureza, que só ele tão bem sabe descrever, em versos felizes.
Jorge Humberto 17/09/11
|