
[Carrossel na Chuva]
Data 18/09/2011 18:21:30 | Tópico: Poemas
| O xixi do minúsculo cachorro escorreu na borracha ressecada do pneu do carro abandonado.
O pingo de chuva fria que hesitava em cair da lisa folhagem, finalmente, num rebrilho de luz, escoou para a calçada vazia de gente.
A luz do poste da praça, a duras penas do meu olhar interrogante, conseguiu varar as folhas das árvores.
O carro que a minha pusilanimidade jamais me deixaria possuir acaba de estacionar na minha frente. [sou fraco: ah, se eu pudesse...]
O cheiro que eu esperava ansioso quando ela vinha em minha direção não aconteceu.
Já sei! Já sei! Descobri que eu vivo sem saber ter — nunca aprendi!
Mas não saber ter é uma maneira sentiente de ter, ter aquela vontade espicaçante... — de ter!
Essa vontade de chuva fina, busca o quê? A casinha na montanha? A cama do aconchego? Por que tenho essa vontade de que a chuva seja mansa, fininha, constante, quase fria... se estou só?
Ô loucura... Isto aqui, ó, isto aqui é um carrossel, um carrossel solto na chuva, não tem fim!
|
|