
Calendário Manco
Data 19/09/2011 23:03:13 | Tópico: Homenagens
| As muralhas viraram cinzas Segundo de Outubro não existe mais;
Rosas vermelho, pétalas soterradas O sangue liberto do detento, pelo ralo, pela escada A estatística é que a maioria não foi julgada Utopia da notícia, jornalista excomungada... Entraram em choque com o choque Milhares de órfãos e viúvas de luto Deixem as crianças esquecerem De Outubro no dia segundo.
Que estação estamos Senhor Maquinista? Deixa pra lá seguiremos adiante.
Forraram o pátio com tapetes vermelhos Para que o Senhor Governador pudesse passar Naquele temido lar outrora de presos Com os cães é claro que vieram ladrar.
Trezentos e sessenta e quatro dias Segundo de outubro não existe mais... Quem se lembra das torres gêmeas? Serão apagados onze dias de setembro? Amanhã o calendário será o mesmo Eu sinto medo!
As muralhas viraram cinzas Muralhas da china, e do Carandiru Que fazer com tantas almas soterradas O céu entardeceu vermelho ao invés de azul;
As paredes não precisam de descanso Que estação estamos mesmo Senhor maquinista?
Certamente Dráuzio não trabalharia em vão Se toda carnificina não pudesse encher um vagão Por toda cidade algemada e gemida Como na letra de alguns bens Racionais... Talvez pudesse virar calendário manco Ou exaltar atores nas telas da mídia Acontece que estão falecidos os protagonistas E onde estão os Senhores homicidas?
As muralhas viraram cinzas Segundo de Outubro não existe mais;
Que estação estamos mesmo Senhor maquinista? Pare porque preciso descer.
Homenagem as mais de 111 almas brutalmente assassinadas No presídio do Carandiru no dia Dois de Outubro de 1992.
Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli Mauá, Fevereiro de 2006 no dia 20.
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