Com a “troika” no encalço e o povo a ficar descalço

Data 20/09/2011 22:21:46 | Tópico: Poemas

Há um despejo vil indolor
na renúncia a este canto,
uma sofreguidão sem a cor
que não causa tanto espanto.

Um despejo na saliência
na amargura que muito dói,
o perder da inocência
que o mundo inteiro destrói.

Entre a razão de não a ter
e a certeza tão incerta,
gera-se o mal do padecer
mas a malta nunca desperta.

Um esquema ilusório
e um político pendente,
com um novo reportório
mas nada que se saliente.

Aumenta tudo sem demora,
todos os juros e impostos,
não ganhamos pela desforra,
pois sentimo-nos mais expostos.

Pedem trabalho sem emprego
substância que não existe,
como fugir deste degredo
a questão que aqui persiste.

Tanta dívida ocultada
pela incontável dimensão,
só a do povo é travada
à primeira apresentação.

É escondida tal podridão
e a incúria desmedida;
mas um pobre por roubar um pão
é preso para a sua vida.

António MR Martins

2011.09.20



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