POR DETRÁS DO TEMPO

Data 24/09/2011 15:48:37 | Tópico: Poemas

Não, não quero ir ao passado
Não quero da infância
Recordar grandes instantes
Horas de alegria, esfusiantes
Apenas e só porque as não vivi.
Se porventura as conheci
Elas esfumaram-se
Estranha bruma as esbateu
Da minha recordação escondeu
Ofuscando-as na minha lembrança.

Mas amarga ou doce
Deveras fui criança
Com um mundo que me cercava
Joguei a minha aliança
Mas que o tempo arremessou
Tão longe, para tão longe.
Quereria porventura escutar
Hossanas de alegria
Uma que outra fantasia
Ter ousado sair de mim.

Mas as brumas que o tempo fez
Do meu eu as arredara
Encerrando-as lacradas
No inconsciente
Da pessoa adulta
Que a vida me tornou.
Não obstante
Por translúcida que me seja
A cortina que me afasta da infância
Escassas as euforias
Remotos os proventos
Sinto ter-se gerado em mim
Energia bastante
Que me fez caminhar avante
Crescer e ser mulher.

Dessa meta me orgulho
Que de desempenhá-la fui capaz
Honrando a natureza
Que de algum engenho
E acerbo de arte
Generosamente infundiu em mim.

Olema




Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=200027