
Com lágrimas mais salgadas e folhas mais ocres
Data 25/09/2011 12:03:24 | Tópico: Poemas -> Introspecção
| É o começo do Outono, também o meu Outono, quando as folhas se me vão aninhando no regaço, a pele se vai tornando mais fina, e, perdida a textura de seda lisa vai sendo engomada por aprendiz, com vincos onde não devia.
Foi neste Outono soalheiro que te vi, te conheci, tu que foste a princesa que eu não pude ser, por causa da imensidão dum mar, e do barco onde não me deixaram embarcar.
E assim cresci, como pude crescer, na medida em que os trabalhos de menina me deixaram ser, quiçá menos menina.
Muitas vezes me questiono que pessoa seria noutro sítio que desconheço, onde os vales seriam diferentes do vale do Molinico que me fez verter lágrimas enclausuradas entre dois montes e, sem o ar que me bastasse.
Sabes? Senti uma ponta de ciúme e de inveja, quando me disseste que o adoravas, por ser doce e lindo, lindo e te chamava princesinha.
Como eu gostava de ter sido princesa, também eu princesa naqueles olhos vivos cor de café!
As folhas vão-se-me soltando nesta manhã e as lágrimas vão-me caindo peito abaixo e molham o colchão ocre que se aninha no meu regaço!
Agora Já não posso ouvi-lo E é por isso que as lágrimas me são mais salgadas E as folhas mais ocres…
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