Escrevo meus versos em finas filigranas; esqueço rimas e regras, para que o poema nasça livre, em todo o seu esplendor, sem algozes, que possam vir a castrar, a liberdade que lhe assiste. Estímulo figuras de estilo, como se desenhasse um belo quadro,
onde a cor possa fluir, como em águas amenas, na verdade de cada coisa, que emerge, ante meus olhos, como algo concreto, em si
mesmo, pelo que me é dado a ver. Jardins existem, porque o são, e porque as flores sabem bem, que dependem do sol, para florir.
E é tudo tão natural, que a palavra, se comove e se transcende, sem correntes, que a aprisionem, nos claustros indómitos do olvido.
Heras sobre heras, crescem nas paredes (eis a sua realidade fulcral), assim como as ervas daninhas, ocupando espaços abandonados.
Se uma sombra impera nos muros, caiados, e um gato de si distraído, leva a sombra consigo, assim é, porque tem de ser, e o verso não
cala, e se revela em toda a sua autenticidade. Porque o poema não tem grilhetas, que desvirtuem a semente, do que nasce para ser.
Jorge Humberto 25/09/11
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