
A minha aldeia
Data 26/09/2011 15:17:51 | Tópico: Poemas -> Saudade
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Naquela aldeia pequenina, alegre Que em meu coração permanece, Numa bela manhã de Primavera, Fecundou a raiz da árvore da minha eternidade! Ouviu o meu primeiro lamento feito choro, Sorriu com o meu primeiro sorriso de alegria, Pela luz que me era oferecida; Aquela pequena aldeia de tanto encanto, Engalanada por choupais de frondosas copas, Altiva na sua nobreza, Ostentada no seu belíssimo Palácio oitocentista;
Ah...aldeia da minha meninice... Sinto ternura e um vibrar emocionado Na minha alma, sempre que estou em ti!
A minha escola, altaneira, majestosa, Que me ensinou as primeiras letras; Tanto brincamos, no largo do Cruzeiro Recordas-te, aldeia companheira? Um dia sofreste pela perda da tua igreja, Chamada de S. Sebastião, o mártir, Destruída pela força das chamas devoradoras, Hoje transformada em decorativa torre do relógio!
Ai, minha querida aldeia... Tão transformada estás agora, nem pareces tu.
O palacete onde tive a felicidade de vir ao mundo, Pelo acaso que o Destino me traçou, Esconde-se por detrás de muros sem alma, Vindos de uma época de revoluções paridas, Apelidadas de democráticas. Mas tu, minha querida aldeia, Fazes-me sentir por ti, o amor que morrerá comigo!
Lembras-te, aldeia minha Daquele dia em que o Rio Tejo se revoltou comigo? Foi um susto, bem sei, talvez um aviso, Porque o Tejo quer-me a vê-lo E a visitar-te, Sobralinho, Tu és o meu chão, a minha alma, És eternamente a minha pequena aldeia.
José Carlos Moutinho
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