[Ô Vida!]

Data 30/09/2011 14:33:44 | Tópico: Poemas

[Na noite paulistana, um trêfego animal à solta]

O alívio nunca é permanente,
insone, cavalgo a crista da noite...
Um olhar oblíquo, um cheiro, suaves cabelos, música —
sei lá quantos acicates me atiçam,

esporeiam o meu sôfrego desejo de...
O corpo quer, e, insidiosa, a secura volta!
Por que diabos não paro quieto,
simplesmente quieto, como tanta gente por aí,

gente comum, que come-caga-trabalha-e-dorme?
Ô vida! Por que essa danura toda, essa busca?
Paixão, se a gente não tem para sobrar,
a gente vai, escava, escarafuncha a noite, o dia,

até achar... só para recomeçar a sofrer!
Vai ver estou precisando mesmo é de compaixão:
ô vida, piedade das minhas carnes sequiosas,
piedade, ô vida infrene e louca!

[Penas do Desterro, 29 de outubro de 1997]



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