
UMA PAUSA NA PRAÇA
Data 03/10/2011 01:32:40 | Tópico: Poemas
| Velhas árvores lembram fotos antigas Deixando nos olhos uma lágrima tímida Pássaros de fogo gorjeiam sufocados Pela fumaça de um churrasco fora de tempo Um homem e uma mulher dormem na calçada Enquanto duas almas gêmeas vendem feijoada Debaixo das ruínas de um barraco clandestino Onde está o menino? Onde se escondeu o poeta? Cadê os catadores de sonhos? Chamem as carpideiras O velho deus morreu E ninguém está disposto a chorar.
Velhas árvores lembram fotos antigas Desbotando nossas lembranças Que são levadas pelo vento As sombras refrescam a manhã de sol A embriaguês da vida é melhor Do que o sonho procurado No meio da praça carcaça de homens Jogam dominó e contam suas histórias. São pequenas as veredas, Tão longo é o pensamento A cruzar os ares em busca de um corpo Ou trazer o gosto do último copo de vinho.
Ouve-se a notícia triste de uma morte Enquanto gladiadores disputam a glória Debaixo de um sol escaldante Alguém comemorou o nascimento De mais um rebento De repente acorda o homem que dormia Debaixo de uma marquise amarela Tragam as cordas, tragam as rosas, Tragam a mesa com feijoada Pois um homem despertou para a vida Sem a necessidade de um milagre.
Velhos, árvores, bancos, pombos, Lavados pelo vento de outubro Reluzem na praça onde repousa o guerreiro Armado de velhas fantasias E disposto a guardar na carteira do tempo As impressões de um passeio na praça.
|
|