ou Delírios embalados pela ausência de memória.
Não consigo dormir, não tenho gripe, não tenho febre, não me dói a garganta, não me vejo pálido nem suspeito de papeira. Mãe? Estarei a morrer? Sei que te devo flores, dou-te, um dia que me lembrar! Mas mãe, não tenho nada que me apoquente, estarei a morrer? Não me recolhes no teu colo, não vislumbro o teu mimo, mãe, estou aqui… já morri e não sei? Não me lembro da canção de embalar dos filmes que vi, só muros e um escorrega enferrujado na neblina da auto-comiseração. Mãe? Não te dei flores? Eu sei que te devo. Envolve-me o sono que queria dos justos! Mãe? Estarei a morrer? São canções ou são cactos o que sinto ao ouvido? Na voz de fado em que cantas o xaile de tua mãe, porque não me cantas a minha canção de embalar? Qual canção? Não sei, a que cantaste para mim? Não me lembro! Mãe? Estarei a morrer…? Todos tiveram uma canção de embalar, E eu não me lembro da minha. Mãe…?
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