Ah se eu pudesse! Arrancar desse mar, o azul negro que tanto me fascina…. Esse cheiro a sal que me intriga e penetra, Na neblina do céu a uivar! Ah se eu pudesse! Arrancar do meu corpo, todo o teu sal, Que ficou incrustado e que agora não saí, E suja em mim a alma que ainda agora foi lavada por mar. Mar que me entrega nas suas ondas de sonhos, E que me leva na sua onda… Na concha que roubou do meu coração, Onde escuta e ouve o sopro, o bater… Que agora não é mais do que um estilhaçar e um desprender, Do que outrora foi paixão. Paixão, ou terá sido amor? Amor marcado num corpo oculto por sal, Caiado de tanto mar. Que insiste em ir, que insiste em voltar e que insiste em me puxar. Com ondas doces e aromas de maresia calma e dominante, Arranca-me da praia onde depositei sonhos de amante, E afunda-me para os confins desse mesmo mar. Mar que me leva, mar que me quer tomar e retomar… Tomar e retomar… Ouvindo a concha no fundo do mar…
Marlene Carneiro
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