Premonição

Data 08/10/2011 22:01:31 | Tópico: Poemas

O sangue já ferve debaixo da pele fria,
O sentido da provocação despe-se raro
Num fogo assassíno e brilhante...
Já era algo que se previa
Numa igreja que, debaixo de céu claro,
Vislumbrava o carrego a jusante.

A forma firme, corrosiva e inconstante,
Encalhada entre pré-fabricados e monumentos
E barracas e muros de betão,
Jurava atirar uma pancada faíscante
Para o meio dos néscios tormentos
Como que, avisando do perigo de implosão.

Mesmo assim, os surdos insensíveis
Os portentosos incríveis
E os amagados impassíveis,
Que, porque ser labor, não abrem a pestana
E crêem que a parede não abana,
Deixam-se estar em ignorância ufana.

A desgraça vai acontecer um dia após
Engolindo laços, traços e nós
Deixando lagoas de lágrimas sós
A banhar incoerentes desequilibrios,
Alguns tendentes suicídios
E muitos indiferentes com o dever cumprido.

O sangue ainda ferve debaixo da derme fria
Mas o sentido da razão já se veste desiludido.

Valdevinoxis


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