
OLHOS ENVIDRAÇADOS EM CISMAS
Data 14/10/2011 09:56:19 | Tópico: Poemas
| de manhã preciso de um café forte que me tire o peso da cabeça que me empurra até ao chão, atufada pelas cismas… escuso-me a falar nada me digam, não me façam perguntas deixem-me acordar devagar…
lembro leituras e imagens a galopada de palavras melopeias de incertezas… atenta ao mundo solta-se em mim a crise tudo se esgotou, ficaram os jardins a desconfiança nas pessoas o que mais me irrita são os jardins aqueles espaços preservados quando tudo à volta é lixo e nunca mais muda isto!..
à minha volta baila e atropela-me um labirinto teogónico Caos, Gaia e Tártaro Eros, Hemero e Nix… assim fico na penumbra da persiana fechada com frinchas impertinentes de luz intensa…
«toda a vida é uma metafísica às escuras, com o rumor dos deuses e o desconhecimento da rota como única via» (Bernardo Soares]
já a resvalar para Dionísio sou e não sou e ainda assim sou para encontrar o lugar e a forma neste lado inteligível de resilência traindo o meu torpor de desencanto para esquecer a maldade, a doença e a fome os corpos de pedra e excremento vestidos de seda e crime como o símio, não ver, não ouvir, não falar e também não chorar, não gritar e enfrentar o novo dia…
é preciso aproveitar a paisagem mordo um carpe diem sinto-me cúmplice da superioridade dos frágeis quando tanto me revolta e tão pouco eu posso fazer!...
out.2011
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