homens mortos não falam nada

Data 20/10/2011 22:51:55 | Tópico: Poemas

ando frequentando muito a minha solidão
conforme me diz o espelho
essa prisão que arde
livre das vontades
um quarto negro
uma alma branca
comida para dois

entre o céu e o inferno de me ser
o caminho é curto
a porta bate atrás de mim
o que tenho de importante está aqui
longe vai a alma
(meia noite já é dia)

o casaco novo veste seu lado mais piedoso
e reza pelos que mata
sem se importar
se eu prefiro não rezar...

na batalha da inteligência
o mal é apenas um ponto de vista
e qualquer um que diga o contrário
é tolo ou está tentando vender alguma coisa

nos dois lados do canal
os rastros estão ficando velhos
conduzem a palavra
como um cachorro na coleira
o que isso dirá de nós?

por dentro a alma adormece num chorinho
quando o corpo despertar terei que ser eu
mesmo que me custe ser

enquanto o coração ainda chora
mata a mão que o alimenta
... e continua a ser um filho amoroso


Vania Lopez

Um pano de fundo que tem punho cerrado e de seguida tão suave quanto arroz entornado que não volta ao prato, nenhuma mão acolheu o que não se colhe por não ser de ninguém... O céu? É emprestado. Tanta coisa embutida aqui que viveria mais um pouco por isso.

Esse poema aconteceu depois de ler
Carlos Teixeira Luis



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