
Diz-me dos silêncios da fome
Data 20/10/2007 22:46:57 | Tópico: Poemas -> Amor
| Diz-me dos silêncios da fome de palavras esgotadas a rememorar rostos inquietos de golfinhos, cães de oceano, avistados à vigia do teu barco no zarpar vagas impróprias.
Diz-me dos guetos apócrifas, dos cigarros repentinos de fumos secos, do escorbuto de tripulações opróbrias.
Diz-me ainda das tragédias gregas, dos exílios, das ovulações de gestos imunes, da menstruação de sereias em alto mar, em dias de lua cheia.
… dos olhos dos amantes a espiar a penugem mais fina do ar, das horas pintadas com palavras em mãos esvaídas de aquários por engendrar.
Fala-me da insistência que transborda do bizarro das sombras, do absurdo dos mundos – dos nossos mundos, De vozes que nos caminham a par e passo… passo a passo.
… e desta sede de tombar irremediavelmente tolhida no maremoto de um abraço solto.
Por fim, fala-me da buzina das coisas, meu amado, no som estridente da trompeta alucinada.
E de mim, quando sou onda a quebrar em ti, minha amurada.
algures entre Paris e Lisboa, 16/X/2007
|
|