Deitado de lado na minha cama
com a mão a apoiar a face,
vejo-te ao espelho
enquanto cobres a tua nudez,
devagar,
lenta,
preguiçosa.
Reparo no suspiro profundo que dás
antes de aproximares o rosto
e fincares o olhar nas marcas das horas cálidas.
O rubor do teu rosto denuncia-te,
os olhos cansados confessam
o sal da maresia de sentidos,
agora em maré baixa.

No sereno da paixão,
sol posto de um dia ardente,
na humidade da brisa
que repousa nas memórias que me ofereces.
O nosso amor desarrumado pelo chão,
que recolhes peça a peça
no mesmo esmero que antes o desarrumaste
em vagas de maré cheia