da esmola

Data 26/10/2011 20:01:03 | Tópico: Poemas

ontem, ouvia-se no tecto o eco insistente da moeda a cair na caixa de esmolas; três mil ratos mexiam-se entre olhando-se disfarçadamente na nave da capela-mor; balançavam levemente a cabeça sem medo de enjoar. nos vitrais a luz desmaiava nos bancos com cheiro a mofo como as palavras repetidas nas paredes surdas e sem vontade de chão saídas de um microfone babado pela batina emproada. no ar um mar de cheiro a morto misturado com flores murchas como os olhos da virgem em fuga. procura-se hoje, uma nova na loja do chinês em troca das esmolas da caixa.
a sociedade gera monstros e o único cuidado que a consciência lhes dita é a esmola; e nem esta chega onde é precisa.



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=203644