Chinelas Argentinas
Data 28/10/2011 23:54:51 | Tópico: Poemas
| Vejo nos teus olhos tantas tristezas Que os meus se afundam em delírios Suntuosos prantos que formaram rios Se indo para mares de infindas grandezas.
Faz ser criança o meu ser, o teu sorriso. A tua inocência me traz contento e satisfação. A candura que brota de ti acoberta meu espírito Numa manta que acalanta o meu pulsante coração.
Meu pulsante coração... Um marinheiro em águas bravias Contra a correnteza, olhos ao poente Sem se sequer saber se a sua frente Vem descortinar a morte ou maravilhas.
Descortinar a morte ou maravilhas De preferência num dia azul e a tarde Quando o vento sopra, o cão faz alarde E os sonhos-pássaros se vão a milhas e milhas...
E milhas e milhas... Numa velocidade um tanto lenta e mansa Singrando o céu com minhas poderosas quilhas Recortando horizontes repletos de manchas Sobrevoando casas feitas de argilas Com minhas antenas numerosas E minhas chinelas argentinas Por nuvens pratas e cor de rosas Ave de sonhos pela esfera azulina.
O que seria a morte então? Uma dádiva Vinda diretamente dos recantos do céu Para aquele que melhor viveu ou não a vida?
Ou seria apenas o final de uma estrada comprida Onde os vestígios passados a uma Eurídice não se equivaleria Para que os olhos sedentos de um sol não olhassem para Trás?
Se não faz sentindo tanto fez ou tanto ou faz. Olho vivo, faro fino, cautela e caldo de galinha, Uma dança flamenga ou nordestina, Jesus cristo ou Barrabás?
Viveu ou não a vida... Sempre escolha se tem. Depende de como se diferencia o que é Mal ou Bem. Saber onde começa uma tarefa térrea E o que determina o que é uma divina.
Fim da rima.
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