alfabeto de palha

Data 02/11/2011 21:49:50 | Tópico: Poemas

invento
um alfabeto de palha
e um lume que se estica
entre os lábios desbotados.

suplicio-me ao espelho
de corda esticada ao pescoço
suspensa
do outro lado de mim.

não me vejo, não me ouço
na neblina dos versos
sou o fim.

risco, então
o último fósforo azul
para soltar na voz
a centelha
numa ave de fogo viva.

mas é chama frágil.

só silêncio
em fuga
parte, arde
e se faz tarde
na garganta.

insonoro canto
sopro lento
no incêndio que falha
as achas pela esquina
do meu corpo.

fico-me então,
partida e só
neste deserto
onde me aperto
sangue e coração
entre pedras e pó.


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