Deitei de cabeça para baixo: queria ver a vida de pernas para o alto. Um novo ângulo de visão para o sempre.
Aprendia a olhar as coisas em detalhes que fugiam, sem o cisco que entrava os sonhos e estreita a verdade para uma só.
A tarde me convidou a continuar pousada no sofá, ouvindo o silêncio das folhas lá fora, sentindo o vento indecente levantando a saia com classe.
De repente, senti a grandeza do abandono. Morcegar era uma palavra com tanta beleza. Dormi cheia de gentilezas comigo mesma, com as asas fechadas para não incomodar o lençol.
Dormi achando que para mudar a vida, basta apenas mudar como eu posso vê-la nas minhas claridades e escuridões.