Estou cumprindo com fé a minha obrigação de sentir dor sem parar muito para pensar porque ela está aqui ou se a mereço. Não questiono mais essas coisas ou justifico-as. (Não as aceito também) Sinto e pronto.
Há poucas chances de mudanças nesse momento. Sei que a mesma dor de hoje, vai continuar amanhã. Sei também que não vai doer menos, nem mais.
Talvez eu tenha me acostumado com a farpa embaixo da unha, com a bolha em carne viva, com a vida sempre me deixando na mão.
Um dia, serei forte e terei um espaço apenas para tudo que é bom, que vale a pena guardar. Por enquanto, o silêncio do que dói, a inevitabilidade de ser eu mesma com as minhas manhas e mazelas, as águas negras do meu inconsciente afogando a mulher.
Um dia, (quem sabe...) não valorizarei tanto os meus abismos ou os meus achismos. Um dia, serei tão leve que a dor nunca mais vai pesar.