
ÚLTIMO ACTO...A ARTE DE SER POETA
Data 06/11/2011 16:02:37 | Tópico: Poemas -> Desilusão
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Antes do último acto terminar saio de cena, com o coração trespassado o olhar espantado. E se alguma coisa quebrar Vai ser a palavra... tenho pena! Palavra que me reconfortava e em mim fecundava. Ela que se arremessou contra meu peito Se levantou enlouquecida E sem me ouvir...assim de qualquer jeito, se quer fazer ouvida.
Cai o pano de improviso Há gargalhadas p'lo ar A balbúrdia é geral O terceiro acto correu mal. Levo o coração quebrado Muito ficou por dizer, que escapou entre o esquecimento, como a frescura da água por beber Lamento...lamento...lamento!
Neste palco fiquei destruída Definitivamente quebrada Que esperança ter numa nova jornada? Teatro é a Vida Nele há esperança de verdade Mas acaba mal o sonho Resta a saudade.
Acabou a insólita peça Houve palmas, apupos, e até gritos! Agora não há quem meça os ruídos (do meu coração) aflitos. Fui até directora de cena Declamei de improviso corajosamente no meio da multidão Saíu mal, tenho pena! Por isso saio sem aviso. Sem esperança, fé, ou resolução.
Largo o traje a rigor Com que vos saudava então! Dos aplausos levo o calor E para o olhar final, levo a peça na mão. Nestas mãos cansadas, paridoras de versos tantos! De saudades, atiradas em prantos, onde a palavra se faz ouvir Até no dito que não pronunciei Nas folhas de outono a cair Na jovem que não existe, na dor que calei.
Levo a interrogação na boca que em mim não esquece Por que será a vida tão pouca? Que já o pano desce. Saio de cena!
natalia nuno
rosafogo
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