
O general
Data 06/11/2011 23:09:06 | Tópico: Poemas
| ("Depois de fortemente bombardeada, a cidade X foi ocupada pelas nossas tropas.")
O general entrou na cidade ao som de cornetas e tambores ...
Mas por que não há "vivas" nem flores?
Onde está a multidão para o aplaudir, em filas na rua?
E este silêncio Caiu de alguma cidade da Lua?
Só mortos por toda a parte.
Mortos nas árvores e nas telhas, nas pedras e nas grades, nos muros e nos canos ...
Mortos a enfeitarem as varandas de colchas sangrentas com franjas de mãos ...
Mortos nas goteiras. Mortos nas nuvens. Mortos no Sol.
E prédios cobertos de mortos. E o céu forrado de pele de mortos. E o universo todo a desabar cadáveres.
Mortos, mortos, mortos, mortos ...
Eh! levantai-vos das sarjetas e vinde aplaudir o general que entrou agora mesmo na cidade, ao som de tambores e de cornetas!
Levantai-vos!
É preciso continuar a fingir vida, E, para multidão, para dar palmas, até os mortos servem, sem o peso das almas.
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