
suando o poema morto
Data 12/11/2011 11:15:00 | Tópico: Poemas
| insisto em atirar-me de olhos vendados ao caminho onde começa a palavra sem saber onde vai, tal como o tempo que vem, a respiração que embalo a surpresa que entra pela porta.
por vezes dói a queda, que eu encubro, nesta viagem a pulso, sobre cordas, de desculpas azuis a florir.
subo os tijolos pensados no escuro, planto ervas nas pedras e pedras nas ervas dos passos esquecidos.
vou construindo o poema como um colo para a alma fria, desbotada e pintando pelas esquinas a sensibilidade dos poros.
pouco a pouco vou dobrando versos na aflição da caligrafia e no suor da última estrofe cai vivo o desejo a sublimar a sua chegada.
mas é sempre um sonho morto que me evade a ilusão antes do fim tão vazio e mudo tão só de tudo.
por isso quando acaba a poesia sento-me nesse trono de angústia coloco a minha coroa de medo e tremo com o peso da realidade que é não ser pássaro nem ter céu.
então mordo o poema enveneno-me no ritmo da rima e ao longe sinto rir-me desta coisa pobre e patética sem tempo de partir-me.
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