
Poema com sorrisos e outras coisas boas
Data 13/11/2011 00:48:05 | Tópico: Poemas
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Se um dia me apetecer, e se a tanto a inspiração me ajudar, vou escrever um poema para ti, que diga todas as coisas que eu não sei falar!
Vai ser um poema que fale apenas de sorrisos e flores e pássaros e beijos e cantigas e olhares tão largos que cheguem daqui ao infinito mais distante que com o coração conseguires alcançar. Há-de ser um poema sem sombras, nem medos, nem barreiras, encantado e encantador, para tu colocares à janela nas noites de luar, seja ele qual for – lua cheia, lua nova, quarto crescente ou minguante – e sentires que quando todos dormem e sonham, há palavras que nascem e crescem na ponta de canetas, escorrendo das mãos trémulas de poetas semi-loucos, que não têm sono e fazem por aprender a conjugar palavras tão importantes como amor, ou amizade, ou carinho, ou alegria, ou ternura, ou felicidade.
Nesse dia, quando ele chegar e bater à minha porta, como se fosse o carteiro que vem entregar uma carta de um amigo que mora longe, mas nunca está distante, escreverei intencionalmente para ti, sem dizer o teu nome, pois é segredo nosso, as coisas mais significantes que um homem pode dizer a outro igual, para que ele saiba, de viva voz e olhando nos olhos aquele a quem se fala, com sentido sentimento que envolve e aproxima, que ser gente é coisa de homem, como ser flor é coisa de planta, e ser pássaro é coisa de ave, e ser pedra é coisa da terra, e ser água é coisa de mar e rio e chuva, e ser vento é coisa do ar, e ser calor é coisa do sol, e ser único é coisa de cada um! Tu és aquele ser único que eu jamais encontrarei fora de ti! A tua diferença torna-te tão igual a cada um que eu não sei como explicar… Sente, vive, sorri, resiste, acredita… E ensina-me a ser fiel ao teu olhar! Ensina-me a ser a mão a que te agarras para caminhar e o colo que te mima sempre que aquela sombra vier escurecer o teu sorriso encantador de criança que será jovem e adulto e velho, e será sempre pessoa integral!
Sabes, sempre que as nuvens baixas cobrem os raios do sol, há uma sombra que cresce ao redor do silêncio que o frio que se levanta traz consigo, como se fosse uma espada pronta a decepar um braço ou uma perna, ou a degolar a garganta de quem grita numa roda de brincadeira buscando descobrir em cada toque de mãos, em cada afago de olhar, em todos os gestos calados que gritam a ternura sem precisar de falar, a profundidade e a imensidão das maravilhas que se espraiam na beleza das crianças onde moram todos os afectos e carinhos, avessos a regras matemáticas que dividem para reinar ou subtraem esperança ao futuro, conjugando apenas verbos sinceros que afirmam coisas reais e sempre boas!
Não sei, amigo, quando escreverei um poema assim, para ti, somente para ti! Mas se não o escrever, acredita, é porque há palavras que depois de ditas perdem o valor! Por isso te abraço, agora, aqui, para te dizer, calando, que não te esquecerei, nunca!
08.out.2011 Paulo César
NOTA: Este foi o poema com que concorri ao Concurso da APPACDM, que obteve o 3º lugar.
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