Lá fora faz frio; e há uma ausência de mim, que procura o conforto, da poesia. Por isso escrevo, sem rimas, que a liberdade, assim o exige, e a palavra mais discreta.
Entre espelhos oblíquos, vou-me narrando, e todo eu sou sangue, carne e nervos, uma corda de músculos, que vai daqui para ali, como uma ponte, paralela a mim.
Como heras, galgando as paredes, assim me encontro, e alto ergo o meu pendão, estilhaçando todas as correntes e algozes, que teimam em castrar, meus poemas.
Contudo não me deixarei abater, pelos novos corvos da inquisição, e de lutas farei meus dias, até alcançar, o que é de meu almejo, de encontro o focinho da palavra.
Tudo o que faço ou não faço, a mim a pertença, e a responsabilidade, enquanto poeta, de levar até ao povo, a nobre língua portuguesa, tendo na alma a verdade, que me rege.
E assim sou eu, em pedra trabalhada, esculpido, pela generosidade de minhas mãos; essas mãos, que a escrever, jamais se negaram, à lealdade do verso, que não desmerece.
Jorge Humberto 16/11/11
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