O DIREITO DE SABER

Data 17/11/2011 22:08:56 | Tópico: Poemas -> Alegria

O DIREITO DE SABER

No tronco das árvores, como os pardais,
ou fazendo o lençol, com velhos jornais,
sou mendigo, mas tenho o direito do saber.
Inteligente, tenho comigo o conhecimento,
perambulo pela vida, vivendo no relento,
é previlégio, de tudo um pouco conhecer.

Sou mendigo, andarilho, morador de rua,
acham incrível, conheço as medidas da lua,
sem professores, escola, ou faculdade.
É que para saber, não existe a censura,
busco em velhos jornais a minha leitura,
só não sei o quanto pesa uma saudade.

Pobre, maltratado, sou sujo e sou feio,
mas bom de memória, gravo tudo que leio,
presente da natureza, que dou muito valor.
Conheço o motivo da minha falta de saude,
o por que, que trabalhar nunca pude,
mas para falar, não preciso de tradutor.

Sou mendigo,mas com esse vício de ler,
cada dia, quero mais e mais aprender,
sobre tudo, sei e posso um pouco falar.
Sobre um infeliz amor, saudade, emoção,
só não gosto de falar sobre uma solidão,
mendigo, feliz, viu?Por que aprendi rimar...

GIL DE OLIVE



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