Completamente nua

Data 24/10/2007 20:05:04 | Tópico: Poemas -> Paixão

Completamente nua
dou-te
a minha alma de tulipa negra
aberta
na mais profunda entrega.

Confio-me
ao sal das tuas mãos de mar
em dádiva maior de um corpo ainda por desvendar.
Por desvirginar o pudor singelo do acontecer
vestal, ninfa ou simplesmente mulher.

Deslaço o nó do lenço que me degola
que estrangula o grito azul
do sangue oferto
a pulsar espasmódico na tua pele.

Desacato
as ordens de intempéries de vento
e, meu amado,
no rio rosado do riso que te ofereço
absoluto,
reencontro a plenitude e a certeza de que em nós
jamais haverá
fim
meio
ou começo.

Somos agora, o silêncio do Universo,
o ciclo ininterrupto, origem da vida
a escorrer-se leitoso em alcatruzes
de luz, num eterno recomeço.



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